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O Medo Instrumentalizado - Província Jesuítica do Paraguaí (1609 - 1637)
A experiência missionária jesuítica realizada junto aos Guarani no século XVII tem sido alvo de inúmeras investigações. Aproximadamente, até a década de 1980, a historiagrafia referente a ela oscilava entre a perspectiva apologética e a perpectiva detratora. Neste livro, o autor objetiva analisar a prática missionária jesuítica na perspectiva dos contatos interculturais, privilegiando o estudo das representações de Deus, através da recorrência de duas imagens nas Cartas Anuas, a de Deus benevolente e a de Deus castigador, com o fim de subsidiar a discussão sobre o medo instrumentalizado para a cristianização dos Guarani.
O recorte espaço-temporal é o das reduções da Província Jesuítica do Paraguai, as frentes missionárias do Paraná, Uruguai, Paraguai e Tape, no período fundacional, 1609 a 1637.
Por serem literatura de cunho edificante, as Cartas Anuas enaltecem o sucesso do projeto jesuítico e a transformação radical que os indígenas sofreram no contato com o cristianismo. Essa documentação, saída da pena de missionários da Companhia de Jesus (ordem religiosa impregnada do espírito da Contra-Reforma) está eivada de imagens que indicam a crença na salvação eterna somente para os que respeitassem os princípios e dogmas da Igreja Católica. O uso de ameaças sob a forma de castigos físicos ou divinos com o fim de civilizar e cristianizar o Guarani está inserido nesse contexto.
Ao lado de demonstrar o quanto a prática missionária jesuítica esteve associada a Teologia da sua época, este livro trata de que ponto os Guarani se deixaram moldar pelos jesuítas em virtude de uma prática discursiva pautada no medo.